Ando meio estressado…

Li em um blog chamado André Leite Gastronomia, o desabafo de um profissional de Gastronomia e me identifiquei.

Quem sabe você tambem não se identifica?!?!


Como poucas profissões a cozinha fornece uma carreira sólida e bem montada no estresse. Operadores da bolsa, pilotos de avião, motoristas de ônibus, estamos todos no mesmo barco.

A reação ao estresse é uma atitude biológica necessária para a adaptação a vida, é luta ou fuga (fight-or-flight)!
  A percepção do perigo dispara uma mensagem atravez de diversas estruturas do sistema nervoso, preparando os músculos, coração e pulmões para o que está por vir. O problema está na longa exposição a uma sequencia de situações de estresse.
Na contra-mão dessa afirmativa cada vez mais executivos vem buscando aliviar o estresse em cursos básicos de gastronomia, onde podem cozinhar como hobby e degustar uma refeição junto com outros gourmets. Já fui assim, e adorava cozinhar por hobby.
Mas uma coisa é receber meia dúzia de parentes famintos, com pouco ou nenhum refinamento. Outra é estar pronto para a avalanche de pedidos que acontece num restaurante comercial, na hora do almoço. O que não impede de termos prazer no trabalho.
Li em algum lugar que a maior fonte de estresse no trabalho é a falta de condições para executar as tarefas. Concordo. O problema é que as causas possíveis são uma lista gigante de possibilidades contra o jogador.
Equipamentos com defeito, ou com capacidade inferior ao necessário; mercadorias de má qualidade, ou com atraso na entrega; ambiente inadequado em relação a barulho, calor, iluminação e umidade; salários baixos, jornadas eternas, alto padrão de exigência sobre o resultado; chefs com personalidade forte; prazos curtos demais; absoluta falta de planejamento; demanda variável e imprevisível; regras impostas por pessoas que não possuem a menor ideia de como o trabalho se desenvolve. 
Avisos comuns nas cozinhas do mundo...
E, existe um fator que serve como molho para tudo isso: a irritação gerada pelo estresse contamina aos que estão por perto. E também influencia a forma como vamos dar valor aos próximos problemas.
Sim, por que um bom dia na cozinha nunca termina apenas um único motivo para enlouquecer alguém.
É claro que cada um decide como vai ser afetado pelos revezes do dia-a-dia, mas é preciso muito treino para sorrir para alguém que não compreende as suas questões, mas que nesse momento detém o poder, quando recebe comandos irracionais.
Eu desisti. Se me quiserem sorrindo é preciso oferecer condições satisfatórias. O resto é, parafraseando o cinema nacional, “missão dada é missão cumprida”! Há pouco tempo ouvi um chef amigo, referindo-se a sua equipe, dizendo “aqui só tem faca na caveira”! 
O pessoal da cozinha é assim!!!
Pois mesmo antes de descobrir o que nos causa estresse, ou ainda, antes de nos sentirmos frustrados, irritados ou tristes, teremos que produzir um monte de comida, arrumá-la adequadamente, e ainda limpar toda a sujeira que geramos fazendo isso.
Talvez seja por isso que goste de trabalhar como chef. Achar graça da adversidade. Exercitar a criatividade para superar os desafios impostos pela ingerência. Elevar a capacidade de planejamento ao limite para tentar abranger as opções geradas pela aleatoriedade dos que nos cercam. E ainda ter a sensação de estar trabalhando em uma corda bamba, evitando cortes, queimaduras e escorregões.
Capacidade de planejamento!!

Apenas para o caso de alguém que tenha um cargo de chefia, e que não conheça o processo de planejamento, inclui esse esquema. Se for esse o caso dê uma bela olhada, e me mande uma mensagem com suas dúvidas. Prometo ajudar!

Fonte: André Leite Gastronomia

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